Do céu ao inferno em duas horas
Auditório tomado, espectadores orgulhosos,
depoimentos emocionantes de quem acabou de concluir um momento importante em
sua vida, é um rito de passagem. Jovens, agora universitários se comprazem, se
sentem aliviados por terem concluído um processo que levou quatro anos. Orgulhosos, tensos, aliviados.
“ Dava pra ver
A ingenuidade, a inocência
cantando no tom
Milhões de mundos e universos
tão reais
Quanto a nossa imaginação
Bastava um colo, um carinho
E o remédio era beijo e
proteção
Tudo voltava a ser novo no
outro dia
Sem muita preocupação. . . “
A música de Kell Smith cantada por uma voz
masculina não possuía a mesma leveza,
mas a música é bonita e me trazem sentimentos bons. Outras músicas conseguem
atingir o mesmo objetivo. Todos ali contentes, orgulhosos, felizes e
emocionados.
Ali na plateia somos agraciados com algumas
músicas inspiradoras que nos remetem à boas lembranças e fortes sentimentos,
pelos menos para mim. Quando se voltam para os pais acompanhando a música com
mãos, corpos e gestos, foi demais, não consegui “tirar os vários ciscos que
caíram em meus olhos”. São momentos como estes que ficam gravados em nossa
memória, tantas coisas passam em minha cabeça, mas principalmente o tempo, como
um caminhão segue correndo pedindo passagem.
Cerca de duas horas depois, meu filho
formado, o outro mais novo, a mãe e eu. Estamos na rua, caminhando e pensando o
que iríamos fazer, fazendo alguns planos, enfim, seguíamos até a casa deles que
fica há alguns minutos do metrô de onde tínhamos acabado de sair, tudo corria
bem ou assim imaginávamos.
Num gesto brusco e repentino dois indivíduos
pulam da moto e anunciam um assalto: é difícil descrever os sentimentos em um
momento como este, com certeza não é um sentimento só: medo, apreensão, insegurança,
desnorteamento. Tudo isto e mais alguma coisa. Você pensa e não pensa ao mesmo
tempo. Razão e emoção, ali lado a lado, quem prepondera?
Nesta hora passam mil coisas na sua cabeça.
Você quer se ver livre daquilo logo, quer que tudo corra bem. Estamos em quatro
pessoas, os bandidos são dois. E o medo de algo dar errado? De uma reação de
alguém de nós desagradá-los a ponto de cometer mais uma violência? E se
desconfiarem de algo? Os riscos são vários e enormes, as dúvidas também, não
queremos perder nada, mas sabemos que vamos. Smartphones, carteiras, relógio,
dinheiro. Só não levaram mais porque não tinha. Nunca havia passado por sentimentos
tão intensos e tão díspares. E num período de tempo tão curto.
E foi tudo muito rápido, nas minhas contas
não durou nem dois minutos. Felizmente estamos bem, fisicamente sem nenhum
arranhão, emocionais talvez fiquem alguns. Estamos vivos e seguimos. Espero que
os órgãos de segurança deste país, os legisladores e administradores públicos apresentem respostas efetivas para problemas como este. Isto não pode ficar assim.
Fonte: foto meramente ilustrativa. depositphotos
<a
href="https://depositphotos.com/br/photos/concepts.html">Amigos
multiculturais andando na rua - depositphotos.com</a>
realmente é uma das piores sensações, a incerteza da atitude do outro, o medo, infelizmente mais uma entre muitas histórias de um estado inseguro.
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