Um catiripapo

 

Varsóvia,II Guerra Mundial

 

      Numa sequência de um filme de ação, Uncharted, fora do mapa, o ator Tom Holland está cercado por dois brutamontes dispostos a massacrá-lo. Com uma altura menor e porte físico mais franzino suas chances são reduzidas, ao menos é assim na vida real, sorte dele que é um filme. Um deles alterna entre golpes e ameaças, utilizando uma linguagem digamos, estranha para a vítima. Ele parece não se importar com a covardia, indignado mesmo parece estar com o linguajar utilizado. O agressor afirmou que daria uma sequência de catiripapos, foi a conta.

      A vítima retrucou irritada: “eu não tô entendendo nada do que você está dizendo!” Por mais que o inglês seja uma língua com um milhão de vocábulos, enriquecida com as relações culturais e econômicas do povo americano, não consigo imaginar esta palavra sendo utilizada numa versão inglesa, ou pior, em português mesmo. Com certeza o responsável pelas legendas do filme deve ser um baiano arretado que resolveu brindar seu povo com uma expressão local.

      Terra de Jorge Amado, Castro Alves, João Ubaldo Ribeiro, Ruy Barbosa, Caetano, Gil, Daniela Mercuri, Pitty e tantos outros. Também a terra de minha mãe e meu pai (ainda vivos). Foi ele que introduziu esta palavra lá em casa, vivia dizendo que ia dar uns catiripapos na gente, é claro que levávamos a sério, ele não era homem de ficar em promessas, ele distribuiu muitos catiripapos entre seus filhos e não era só esta modalidade que empregava.

      O que está acontecendo agora no leste europeu é que o governante russo, que pode ser uma pessoa bem assustadora quando quer, vinha sendo provocado pelo chamado ocidente, liderado pelo tio do norte. Claro, a guerra é sempre ruim, violenta e assustadora e devemos sempre querer a paz. Parece que o outro lado não queria. Atiçou o quanto pode o urso com vara curta, agora ele saiu da hibernação e sentou um catiripapo no ocidente e os ucranianos é que pagam o pato.

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