Moradores de uma cidadezinha de menos de vinte mil habitantes em Goiás vivem momentos de medo, há quase vinte dias, dezenas de policiais estão à caça de um fugitivo, autor de vários crimes nesta região (não só nesta), uma área rural. O conhecimento do local lhe garante uma vantagem sobre a polícia. Toda tecnologia empregada, recursos e homens não foram suficientes para capturá-lo. A polícia está determinada em mostrar força, o que não têm dado resultado, melhor seria mostrar inteligência e paciência. A pressa e a ânsia em mostrar eficiência expõe a polícia ao ridículo e mostra suas fraquezas. Ao que parece, o fugitivo foi ajudado por moradores locais, dois já presos.
Nos anos trinta, na região do Nordeste, um criminoso muito perigoso, espalhava o terror em cidadezinhas da região, não agia só, liderava um bando que cometia diversos crimes, chamados de cangaceiros eram equipados e bem armados, as pequenas cidades não tinham recursos para enfrentá-los. Foram duas décadas de terror, até serem emboscados e mortos. Tiveram as cabeças decepadas e foram exibidas como troféus. Lampião, o chefe do bando até hoje é visto também como um herói para muitos. Os pequenos municípios ainda sofrem hoje quando chegam quadrilhas de assaltantes de banco. Continuam sem estrutura.
Já numa época mais longínqua, no século XIX, tivemos em Minas Gerais, uma tropa de milicianos, que tocava o terror, também cometendo diversos crimes, seu líder Borba Gato, era procurado pela polícia pelo crime de homicídio, ficou dez anos escondido nas matas. Não foi pego ou preso, num lance de sorte, pois havia achado uma mina de ouro, literalmente. Fez um acordo com o rei de Portugal, o perdão em troca de parceria no negócio. Ninguém acreditaria que um rei negociaria com um criminoso certo?
Numa reviravolta fantástica, o criminoso foi exitoso em seu intento, como prova o documento divulgado por Arthur de Sá e Menezes, governador de São Paulo, Rio e Minas: “confiado de sua prudência e de que se haverá muito conforme ao real serviço, como dono do posto gozará de todas as honras, privilégios, liberdades e isenções; em razão disso mando a todos os oficiais de guerra e justiça que o honrem, estimem e a todos que o acompanharem que o obedeçam”.
Hoje Borba Gato é homenageado pela cidade de São Paulo, com uma estátua gigantesca localizada no bairro de Santo Amaro, município que teve importante contribuição dos indígenas em sua fundação e no seu desenvolvimento inicial, indígenas estes que foram massacrados pelos chamados bandeirantes.
O que podemos esperar é que a justiça seja feita, com a captura, prisão e o julgamento do acusado e quem mais esteja envolvido e que as pessoas da região possam dormir tranquilas, retornando às suas casas e retomando suas vidas. Vamos esperar o fim desta história.

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