Meu pai vive no Ceará há muitos anos, de tempos em tempos arruma um tempinho para vir a São Paulo rever a família que se encontra em peso neste estado. A origem é outro estado nordestino, a terra de Jorge Amado, de saudosa memória. Já passou dos oitenta anos, estas visitas estão se tornando mais espaçadas no tempo.
Na última destas estadias aqui no sudeste deste país gigante durante nossas conversas, surgiu um vocábulo novo em seu falar. Era um tal de macho aqui e acolá e eu estranhando aquele termo. Pensei em algumas possibilidades, acabei não perguntando a origem daquela palavra. Depois descobri que era uma gíria local lá dos cearenses. Depois dos oitenta ainda incorpora gírias, não deixa de ser surpreendente e meu pai sempre foi uma pessoa conservadora.
Mas vamos “falar” sobre o filme “Cabras da peste” que acabei de assistir, gostei muito do filme e quero recomendá-lo a todos que apreciam um bom filme.
A estória se desenvolve no Ceará com uma sequência na terra da garoa. Dois policiais desacreditados e improváveis acabam por solucionar uma investigação contra um poderoso traficante de drogas. O filme é um policial com boas doses de humor, ou o contrário? Não importa, vale muito a pena.
Ele tem muitas referências à cinematografia americana, começando com a versão da música The heat is on, do filme Um tira da pesada, na voz de Gaby Amarantos. O legal é que estas várias referências mostradas chegam carregadas de ironia, um humor sutil mesclado com o contexto brasileiro. Dificilmente um estrangeiro irá entender tudo e se divertir como os brasileiros farão ao ver o filme.
É como o movimento modernista de 1922, lançados por escritores paulistas, a ideia era absorver a cultura estrangeira, deglutir aquilo que nos interessasse e vomitasse o que não prestasse. Acho que o filme fez isso. Tem cenas impagáveis que acredito entrarão na história do cinema brasileiro. Não faltaram referências sutis ao momento atual, crítica a um deputado, não deixem de ouvir o mote dele.
Termino com um diálogo travado entre a chefe de polícia com os seus subordinados. Ao ser questionada do porquê ter escolhido o policial Toninho para uma missão, saiu-se com essa: “Ele é burro, fraco, lerdo, feio e orelhudo, mas me obedece”, parece critério para escolher ministro da saúde de um determinado país.

Vou assistir Eduardo, obrigada
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