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Há um mito no nordeste que circula entre Ceará e Rio Grande do Norte, diz a lenda que à noite circula uma criatura, um monstro de pelos longos, pés arredondados e garras afiadas nas pontas de seus dedos compridos, vaga pelas noites de lua cheia à caça de viajantes solitários, seu nome? Labatut. Esta lenda surgiu no século XIX quando o experiente militar francês, que havia lutado em guerras napoleônicas e também em guerras de libertação no continente americano ao lado de Símon Bolívar, lutou também na guerra de independência do Brasil. Ele foi convidado por D.Pedro I, a pessoa real virou um mito.
Quando d. Pedro declarou a independência, os portugueses concluíram acertadamente que não tinham capacidade de ir até a cidade do Rio de Janeiro para retomar sua colônia, porém pensaram em uma estratégia alternativa. Tomar Salvador, a terceira cidade mais populosa da então colônia, grande exportadora de açúcar, algodão e tabaco, uma das cidades mais movimentadas do mundo, produzia até navios.
Na estratégia portuguesa, tomando esta cidade eles dominariam todo o norte e nordeste da colônia, com chances de retomar o sul e sudeste no futuro. Foi nomeado o oficial Madeira de Melo que se encarregou de ocupar Salvador e tentar sufocar aquela rebelião popular que não mais aceitava ser subjugada pelos portugueses.
Enquanto os brasileiros sofriam para se organizar e faltava tudo: dinheiro, pessoal treinado, armas e munições, os portugueses levavam vantagem. Navios chegavam trazendo mais soldados. Houve brigas e batalhas que duraram mais de um ano. Com mortes de lado a lado.
Maria Quitéria, foi uma mulher que se alistou para a guerra fazendo-se passar por homem, foi descoberta depois de certo tempo, porém seu exemplo de coragem e bravura garantiu seu lugar na guerra. Ao final do conflito foi condecorada por D.Pedro I com a Ordem do cruzeiro.
O Brasil usou uma estratégia inteligente que definiu a guerra, fez o que os militares hoje chamam de cortar as linhas de suprimento. Isto funciona assim: os portugueses estavam ocupando Salvador, estavam em maior número, tinham embarcações militares importantes, como a nau D. João VI que possuía 74 canhões, pessoal treinado e experiente, acabavam aí suas vantagens. O que os brasileiros fizeram foi cercar os portugueses e esperar. Em algum momento acabaria a comida, a munição, novos armamentos, não poderiam ter tratamento médico caso precisassem ou remédios. O que eles iriam fazer? Portugal estava 10.000 quilômetros distantes da Bahia, tentaram romper o cerco duas vezes, sem sucesso. Até que se renderam em 2 de julho de 1823, é esta data que é comemorada na Bahia como dia da independência, foi conquistada no peito e na raça, não foi um levantar de espada e uma frase teatral às margens de um riacho.
Baseado em trechos do livro 1822 de Laurentino Gomes

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