“A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz. Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão. . .Tudo é garantido após o sol vermelhecer”, sob a voz de Fafá de Belém, ouvimos a alegria e a motivação despertadas pela cor vermelha, simbolizada por conceitos como força, coragem, vontade, luta. É também ligada à vitória, êxito, sucesso.
Ultimamente no Brasil, um discurso muito ouvido é aquele que proclama que nossa bandeira jamais será vermelha, como se existisse qualquer intenção de alterar as cores de nosso lábaro estrelado, como é referida no hino nacional. Não se conhece nenhum movimento sério de se mudar o pavilhão nacional, por mais que alguns possam desgostar de suas cores ou simbologia, aqui falando em hipóteses.
Em qualquer lugar do mundo, as cores da bandeira, representam o momento vivido na época, que serão representados na bandeira, da forma que seus idealizadores acharem mais convenientes, que reflitam o espírito vivido por eles naquele momento que deverá ser lembrado. Uma cor escolhida por um povo pode ter um significado diverso para outro, basta analisar as várias bandeiras existentes no mundo e os significados contidos em cada cor escolhida.
Há poucos anos atrás, uma ativista política se indignou ao ver uma criação artística, com trechos de bandeiras com losangos, uma verde e amarela, em referência ao Brasil; a outra branca e vermelha, referência ao Japão. Ao olhar a criação e não contextualizar era uma exposição comemorativa dos cem anos da imigração japonesa, ela simplesmente concluiu que era uma bandeira comunista, logo o Japão, um dos países mais capitalistas do planeta, virou piada na rede, merecidamente. Símbolo do potássio três vezes, por favor!
No nosso país, para não ir muito longe, temos além da nacional, 27 bandeiras representando os estados e DF, mais as mais de 5000 bandeiras representando as cidades. O número de estandartes que possuem a cor vermelha é muito grande, com significados diversos. São Paulo, por exemplo, em sua bandeira (estado) faz referência aos bandeirantes, fala em sangue derramado, sabendo que eles desbravaram matas e rios capturando índios, é de se imaginar que sangue seria este vertido para a bandeira.
Em momentos de grandes mudanças ou revoluções, sempre se mudam as bandeiras, têm sido assim em todo o mundo, há vários séculos. Conquistada nossa independência, o Brasil criou a sua, naquele período, D.Pedro I, um Bragança, da família real portuguesa, ostentava as cores de sua família, o verde. Sua esposa Maria Leopoldina, da Áustria, uma Habsburgo, a cor amarela, coincidência estarem na bandeira? Com o golpe de Estado dado em D. Pedro II, encerrando a monarquia, veio a República, que além de não ter um projeto para o país, claro, não haviam pensado em uma bandeira, então, bastaram umas alterações, mantendo a estrutura original, com losango e círculo, agora o verde se refere às matas, o amarelo às riquezas nacionais.
Na França, no século XVIII, após uma revolução, foi criada uma nova bandeira, na época, o vermelho junto ao azul eram cores de Paris, ao qual foi acrescentado o branco, hoje cada cor representa um conceito. O vermelho, a fraternidade. Nos EUA, o vermelho representa a resistência e a coragem. No Japão, muito antiga, há referências á Amaterasu, a deusa do sol na mitologia japonesa, também há referências ao xintoísmo e ao budismo, também se fala em fonte da vida e sinceridade. Na Rússia, quando criada, representava povo, depois mudou de bandeira, décadas depois retornou a mesma bandeira, agora o vermelho é força. Na África do Sul, o sangue do povo.
Termino com uma referência ao país africano Ruanda, que possuía uma bandeira onde o vermelho significava povo, após um genocídio onde uma etnia exterminou milhares de pessoas, só por pertencerem a etnias diferentes pegou tão mal que anos depois uma nova bandeira foi criada, nesta não há a cor vermelha.
Colorado, rubro, rubicundo, escarlate, piranga, coral, encarnado, não importa, são apenas sinônimos para o mesmo significado, e cada um confere a ela, cor, o simbolismo que quiser.

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