“E quando o ferro foi entrando fez a velha uma careta
Teve mesmo um chilique e eu vi a coisa preta
Mas eu disse pro doutor, vá furando até o cabo
Que a senhora minha sogra é levada do diabo.”
“Eu não vou nesse arrastão sem fazer o meu barulho
Os doutores da ciência terão mesmo que ir no embrulho
Não embarco na canoa que a vacina me persegue
Vão meter ferro no boi ou no diabo que o carregue.”
Pelos versos desta música podemos perceber, que ser vacinado não era um desejo do povo carioca, cento e dezesseis anos atrás, em 1904, no episódio conhecido como revolta da vacina. Naquele ano a saúde do povo estava em risco por uma série de doenças que assolava seus moradores: tuberculose, peste bubônica, febre amarela, varíola, malária, tifo e cólera. Não era pouca coisa, um governante sem responsabilidade naquele momento poderia agravar seriamente a situação sanitária da cidade, como hoje.
O presidente da época, Rodrigues Alves, resolveu atacar os problemas em duas frentes: no aspecto urbano, resolveu fazer amplas reformas na cidade para modernizá-la, abrindo novas avenidas, literalmente passou o trator na parte pobre da cidade para deixa-la mais “apresentável”. No aspecto sanitário nomeou Osvaldo Cruz como diretor geral de saúde, com a função de erradicar aquelas doenças da cidade.
A vacinação tornou-se obrigatória e o comprovante era exigido em uma série de situações. O medo misturado à forma autoritária como estava sendo feito gerou a revolta com o povo enfrentando a polícia, foram dezenas de mortos, mais de uma centena de feridos, os presos quase um milhar. A vacina era algo que gerava medo e incertezas
Começou no século XVIII, quando o médico britânico estudando a varíola ,percebeu que pessoas que ordenhavam vacas e se contaminavam com a versão bovina da doença não adoeciam de varíola como as outras pessoas. Resolveu fazer um experimento.
Em 1796, retirando pus de uma senhora infectada, inoculou em um menino de 8 anos (devia ter pais de muita fé) que contraiu febre, recuperou-se rápido, não desenvolvendo a doença. Depois de alguns dias, recebeu nova carga de pus de uma outra pessoa infectada, dessa vez nada sofreu. Estava criada a vacina. Foi preciso muito tempo para chegar ao nível que se encontra hoje. A palavra vacina vem do latim: “da vaca”, o inventor foi homenageado, tenso uma cratera da lua sendo batizada de cratera Jenner.
Enquanto isso no século XXI, laboratórios no mundo inteiro correm contra o tempo para criarem vacinas que nos retirem da quarentena e nos devolva à normalidade, seja lá o que isso quer dizer.
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